Ajnana

Ajñana (em sânscrito: अज्ञान) foi uma das escolas nástica ou "heterodoxas" da filosofia indiana antiga e a antiga escola do ceticismo indiano radical. Foi um movimento Xrâmana e um grande rival do budismo primitivo, do jainismo e da escola ajivica. Eles foram registrados em textos budistas e jainistas. Eles sustentavam que era impossível obter conhecimento de natureza metafísica ou determinar o valor de verdade das proposições filosóficas; e mesmo que o conhecimento fosse possível, era inútil e desvantajoso para a salvação final. Eles eram especializados em refutação sem propagar qualquer doutrina positiva própria. Sanjaya Belatthiputta foi um dos principais proponentes desta escola de pensamento.

Fontes

Tudo o que se sabe hoje sobre o ajnana vem das fontes budistas e jainistas. Os pontos de vista ajnanas estão registrados no Cânone Pāli do Budismo Teravada no Brahmajala Sutta e Samaññaphala Sutta e no Sūyagaḍaṃga do jainismo. Junto com esses textos, os ditos e opiniões dos céticos (ajñānikāḥ, ajñānināḥ) foram preservados pelo escritor jainista Silanca, do século IX, comentando o Sutracritanga. Silanca considera os céticos "aqueles que afirmam que o ceticismo é o melhor" ou como "aqueles em quem nenhum conhecimento, ou seja, ceticismo, é evidente". Além do significado técnico específico, Silanca também usa a palavra ajñānikah em um sentido mais geral para significar qualquer um que seja ignorante.[1][2]

Origem

Os traços de ceticismo podem ser encontrados em fontes védicas, como no hino Nasadiya e no hino a sraddha (fé) no Rigueveda. Nos brâmanas e nos primeiros upanixades, a dúvida sobre a existência de uma pessoa após a morte é lançada, enquanto Yajnavalkya argumentava pela impossibilidade de conhecer a realidade última ou o atmã.[3] No entanto, o surgimento de pensamentos céticos parece ter ocorrido em um período com teorias diversas, conflitantes e irreconciliáveis, no que diz respeito à moralidade, metafísica e crenças religiosas. É natural, na ausência de um critério de verdade comumente aceito, que algumas pessoas se perguntem se alguma teoria poderia ser verdadeira.[4] Os céticos apontaram especificamente para as teorias conflitantes de atmã e a exigência da onisciência e, portanto, a crítica da onisciência, para obter o verdadeiro conhecimento.[5] Uma proliferação de pontos de vista existiu durante o período imediatamente anterior ao surgimento do budismo, como atestado nos textos budistas e jainistas. O Brahmajal Sutta budista quatro tipos (ou escolas) de céticos junto com cinquenta e oito outras escolas de pensamento, enquanto o Sutrakrtanga jainista lista sessenta e sete "escolas" de céticos entre trezentos e sessenta e três diferentes escolas de pensamento. Embora a lista seja construída artificialmente de acordo com as categorias jainistas, as quatro principais escolas de pensamento, Kriyavada, Akriyavada, Ajnanikavada e Vainayikavada, e seus subgrupos devem ter existido. Assim, acredita-se que o ceticismo filosófico tenha aparecido em torno desse período histórico.[6]

Referências

  1. Jayatilleke 1963, pp. 110-111.
  2. Warder 1998, pp. 43-44.
  3. Jayatilleke 1963, p. 109.
  4. Jayatilleke 1963, p. 110.
  5. Jayatilleke 1963, pp. 111-115.
  6. Jayatilleke 1963, pp. 115-116.

Bibliografia

  • Barua, Benimadhab (1921). A History of Pre-Buddhistic Indian Philosophy 1st ed. London: University of Calcutta. 468 páginas 
  • Flintoff, Everard (1980). «Pyrrho and India». Brill. Phronesis. 25 (1): 88–108. JSTOR 4182084. doi:10.1163/156852880X00052 
  • Jayatilleke, K.N. (1963). Early Buddhist Theory of Knowledge (PDF) 1st ed. London: George Allen & Unwin Ltd. 524 páginas 
  • Matilal, B.K. (2004). «Scepticism». Logical and Ethical Issues: An Essays on Indian Philosophy of Religion 2nd ed. India: Orient Blackswan. pp. 52–75. ISBN 9788180280115 
  • Warder, Anthony K. (1998). «Lokayata, Ajivaka, and Ajnana Philosophy». A Course in Indian Philosophy 2nd ed. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers. pp. 32–44. ISBN 9788120812444 
  • «classicpersuasion.org». www.classicpersuasion.org. Consultado em 21 de abril de 2017. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
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