Deslocamento

 Nota: Para o parâmetro dos navios, veja Deslocamento (náutica).
Mecânica clássica
Diagramas de movimento orbital de um satélite ao redor da Terra, mostrando a velocidade e aceleração.
Cinemática
  • v
  • d
  • e

Em física, o deslocamento de um corpo é uma grandeza vetorial (possui módulo, direção e sentido) definida como a variação de posição de um corpo em um dado intervalo de tempo. Dessa forma, o vetor deslocamento pode ser obtido pela diferença entre as posições final e inicial.

Vetor deslocamento

O deslocamento é independente da trajetória e seu módulo representa a menor distância entre o ponto inicial e final de um corpo em movimento; pode ser expresso na forma vetorial ou em módulo. (Os respectivos símbolos são Δ s {\displaystyle \Delta {\vec {s}}} e Δ s {\displaystyle \Delta {\mbox{s}}} ).[1]

No espaço cartesiano, o vetor deslocamento une o ponto de partida ao ponto de chegada. Para a determinação do deslocamento escalar pode ser necessário utilizar o cálculo.

Na figura abaixo, o móvel deslocou-se de s0 a s1, portanto, Δ s = s 1 s 0 {\displaystyle \Delta {\mbox{s}}={\mbox{s}}_{1}-{\mbox{s}}_{0}} .

Deslocamento entre espaços s0 e s1

Considerando certo intervalo de tempo, pode haver duas possibilidades de o deslocamento reduzir-se a zero: (1) o objeto em estudo permaneceu parado ou (2) o objeto moveu-se e retornou para a posição inicial. Deste exemplo, conclui-se que o deslocamento espacial não pode ser tomado sempre como o espaço total percorrido pelo móvel, mas sim como a variação do espaço percorrida em certo intervalo de tempo.[1]

Consideramos um ponto ocupando um instante , denominado t 1 {\displaystyle t_{1}} , a Posição P 1 {\displaystyle P_{1}} cujo espaço chamamos de S 1 {\displaystyle S_{1}} . Em um instante posterior t 2 {\displaystyle t_{2}} o ponto ocupa a posição P 2 {\displaystyle P_{2}} do espaço. Entre essas posições, a variação do espaço escrevemos assim:

Representação de um vetor curvo
Representação de um vetor retilíneo

Δ s = S 2 S 1 {\displaystyle \Delta s=S_{2}-S_{1}}

O vetor d {\displaystyle {\vec {d}}} representado pelo ponto de origem P 1 {\displaystyle P_{1}} , e seu ponto de extremidade P 2 {\displaystyle P_{2}} recebe a nomenclatura de vetor deslocamento dos instantes [1] P 1 {\displaystyle P_{1}} e P 2 {\displaystyle P_{2}} .

Em uma situação de ilustração, em que a trajetória é curvilínea , o módulo do vetor de deslocamento é menor do que o módulo da variação do espaço.[1] ( | d | < | Δ S | ) {\displaystyle (|{\vec {d}}|<|\Delta S|)}

Em uma situação de uma trajetória ser retilínea, o módulo do vetor deslocamento é igual ao módulo da variação do espaço ( | d | = | Δ S | ) {\displaystyle (|{\vec {d}}|=|\Delta S|)} .

Velocidade vetorial média

A velocidade vetorial média v m {\displaystyle {\vec {v}}_{m}} é o quociente entre o vetor deslocamento e o correspondente intervalo de tempo, representado por Δ t {\displaystyle \Delta t} :

v m = d Δ t {\displaystyle {\vec {v}}_{m}={\frac {\vec {d}}{\Delta t}}}

Onde a velocidade vetorial média possui a mesma direção e sentido do vetor de deslocamento (d). Seu módulo é representado por:

| v m | = | d | Δ t {\displaystyle |{\vec {v}}_{m}|={\frac {\vec {|d|}}{\Delta t}}}

Portanto, em trajetórias curvilíneas, temos ( | d | < | Δ S | ) {\displaystyle (|{\vec {d}}|<|\Delta S|)} e por conseguinte | v m | < | v m | {\displaystyle |{\vec {v}}_{m}|<|v_{m}|} e para trajetórias em movimento retilíneo,

temos:

| v m | = | v m | {\displaystyle |{\vec {v}}_{m}|=|v_{m}|} porque | d | = | Δ S | {\displaystyle |{\vec {d}}|=|\Delta S|} .

Aceleração vetorial média

Nos movimentos variados, define-se a aceleração escalar como sendo o quociente entre a variação da velocidade escalar ( Δ v = v 2 v 1 ) {\displaystyle (\Delta v=v_{2}-v_{1})} pelo intervalo de tempo correspondente ( Δ t = t 2 t 1 ) {\displaystyle (\Delta t=t_{2}-t_{1})} .

De um modo análogo, podemos caracterizar a aceleração vetorial média a m {\displaystyle {\vec {a}}_{m}} sendo v 1 {\displaystyle v_{1}} a velocidade vetorial de um ponto no instante t 1 {\displaystyle t_{1}} e v 2 {\displaystyle v_{2}} a velocidade posterior no instante t 2 {\displaystyle t_{2}} . Calcula-se a aceleração vetorial média por:

Representação de vetores tangentes a uma trajetória

a m = Δ v Δ t = v 2 v 1 t 2 t 1 {\displaystyle {\vec {a}}_{m}={\frac {\Delta {\vec {v}}}{\Delta t}}={\frac {{\vec {v}}_{2}-{\vec {v}}_{1}}{t_{2}-t_{1}}}}

Exemplificando, uma partícula passando pelo ponto P 1 {\displaystyle P_{1}} , no instante t 1 {\displaystyle t_{1}} , com velocidade v 1 {\displaystyle {\vec {v}}_{1}} e, no instante t 2 {\displaystyle t_{2}} chega no ponto P 2 {\displaystyle P_{2}} com velocidade v 2 {\displaystyle {\vec {v}}_{2}} assim: | v 1 | = | v 2 | = v {\displaystyle |{\vec {v}}_{1}|=|{\vec {v}}_{2}|=v} .[1]

Observamos que v 1 {\displaystyle {\vec {v}}_{1}} e v 2 {\displaystyle {\vec {v}}_{2}} são tangentes à trajetória dos pontos P 1 {\displaystyle P_{1}} e P 2 {\displaystyle P_{2}} e os mesmos têm o sentido do movimento.

Ou seja:

| Δ v | 2 = v 2 + v 2 | Δ v | = v 2 {\displaystyle |\Delta {\vec {v}}|^{2}=v^{2}+v^{2}\Rightarrow |\Delta {\vec {v}}|=v\cdot {\sqrt {2}}}


Conclui-se:

| a m | = Δ v Δ t = v 2 Δ t {\displaystyle |{\vec {a}}_{m}|={\frac {\Delta {\vec {v}}}{\Delta t}}={\frac {v{\sqrt {2}}}{\Delta t}}}

Aceleração vetorial instantânea

Entende-se como, aceleração vetorial instantânea a {\displaystyle {\vec {a}}} , sendo uma aceleração vetorial média, quando o intervalo de tempo Δ t {\displaystyle \Delta t} é muito pequeno. Havendo sempre variação de velocidade vetorial v {\displaystyle {\vec {v}}} , também vai haver a aceleração vetorial.[1]

A velocidade vetorial pode variar no módulo e na direção. Portanto a aceleração vetorial é bipartida em: aceleração tangencial ( a t ) {\displaystyle ({\vec {a}}_{t})} , estando relacionada com a variação do módulo de v {\displaystyle {\vec {v}}} , e a aceleração centrípeta ( a c p ) {\displaystyle ({\vec {a}}_{cp})} , que está relacionada com a variação da direção da velocidade vetorial.

Aceleração tangencial

A aceleração tangencial a t {\displaystyle {\vec {a}}_{t}} se dá através de diversas características como:

- A direção é tangente à trajetória;

- O sentido é o mesmo da velocidade vetorial, se o movimento for acelerado, ou oposto ao de v {\displaystyle {\vec {v}}} se o movimento for desacelerado. Em movimentos uniformes, o módulo da velocidade vetorial não varia e, por conseguinte, a aceleração tangencial é 0. A a t {\displaystyle {\vec {a}}_{t}} só existe em movimentos variados e é independente do tipo de trajetória (retilínea ou curvilínea).[1]

Aceleração centrípeta

A aceleração centrípeta ( a c p ) {\displaystyle ({\vec {a}}_{cp})} tem as seguintes características:

- O seu módulo é dado pela expressão | a c p | = v 2 R {\displaystyle |{\vec {a}}_{cp}|={\frac {v^{2}}{R}}} , em que v é a velocidade escalar do móvel e R é o raio da curvatura da trajetória.

- A direção é perpendicular à velocidade vetorial v {\displaystyle {\vec {v}}} em cada ponto da trajetória.

- O sentido orienta-se para o centro da curvatura de uma trajetória.

Em movimentos retilíneos, a direção da velocidade vetorial não varia e a aceleração centrípeta é 0. Esta, só existe em movimentos de trajetórias curvas e é independente do tipo de movimento aplicado (uniforme ou variado).[1]

Aceleração vetorial

A aceleração vetorial é o resultado da soma da aceleração centrípeta com a tangencial.[1] Onde sua expressão é representada por:

a = a t + a c p {\displaystyle {\vec {a}}={\vec {a}}_{t}+{\vec {a}}_{cp}}

No módulo: | a | 2 = | a t | 2 + | a c p | 2 {\displaystyle |{\vec {a}}|^{2}=|{\vec {a}}_{t}|^{2}+|{\vec {a}}_{cp}|^{2}}

onde a {\displaystyle {\vec {a}}} está relacionada com a variação da velocidade vetorial v {\displaystyle {\vec {v}}}

Relação entre deslocamento e velocidade média

Sabemos que a velocidade média v {\displaystyle {\vec {v}}} é a relação entre o deslocamento ( Δ s {\displaystyle \Delta {\vec {s}}} ), e o intervalo de tempo empregado para realizá-lo ( Δ t {\displaystyle \Delta t} ).

v = Δ s Δ t Δ t v = Δ s Δ t Δ t Δ t v = Δ s {\displaystyle {\vec {v}}={\frac {\Delta {\vec {s}}}{\Delta t}}\quad \Rightarrow \quad \Delta t\cdot {\vec {v}}={\frac {\Delta {\vec {s}}}{\Delta t}}\cdot {\Delta t}\quad \Rightarrow \quad \Delta t\cdot {\vec {v}}=\Delta {\vec {s}}}

Referências

  1. a b c d e f g h i Francisco Ramalho Júnior; Nicolau Gilberto Ferraro e Paulo Antônio de Toledo (2007). Os Fundamentos da Física 1. Mecânica 9ª ed. São Paulo: Moderna. p. 134. 490 páginas. ISBN 978-85-16-050655-1 Verifique |isbn= (ajuda)  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
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