Dulce et decorum est pro patria mori

Placa comemorativa em Graceville Memorial Park, Brisbane

Dulce et decorum est pro patria mori é um verso de Odes,[nota 1] obra escrita em latim pelo poeta lírico romano Horácio. Esta linha é usualmente traduzida como "é doce e adequado morrer pela própria pátria". A palavra latina patria, significando o país dos pais de alguém (patres), ou dos antepassados, é a fonte da versão francófona para "país", patrie, assim como da versão anglófona para "patriota", patriot — "aquele que ama seu país". Foi utilizado como título para um poema de Wilfred Owen, "Dulce et Decorum est", no qual o autor descreve as experiências dos soldados na Primeira Guerra Mundial.

Origem horaciana

O poema de onde o verso foi extraído exorta os cidadãos romanos a desenvolverem habilidades marciais tais que os inimigos de Roma, em particular o Império Parta, fiquem terrificados demais para resistir à investida romana. A passagem relevante diz:

Angustam amice pauperiem pati
robustus acri militia puer
condiscat et Parthos ferocis
vexet eques metuendus hasta
vitamque sub divo et trepidis agat
in rebus. Illum ex moenibus hosticis
matrona bellantis tyranni
prospiciens et adulta virgo
suspiret, eheu, ne rudis agminum
sponsus lacessat regius asperum
tactu leonem, quem cruenta
per medias rapit ira caedes.
Dulce et decorum est pro patria mori:
mors et fugacem persequitur virum
nec parcit inbellis iuventae
poplitibus timidove tergo.
[1]

Para sofrer a dificuldade com bom ânimo,
Na mais severa escola de guerra criada,
Nossa mocidade deve aprender; deixe-o cavalgar e lancear
Faça dele um dia o temor dos partas;
Céus frios, perigos aguçados, reforçam sua vida.
Parece-me que eu vejo da vila rampeada
Alguém combatendo a esposa matrona do tirano,
Alguma donzela, baixar o olhar em terror,—
"Ah, meu querido lorde, destreinado na guerra!
Não tente o ânimo enfurecido
Daquele leão caído que eu vejo! ao longe
Ele lança-se através de uma maré de sangue!"
Que júbilo, pela pátria morrer!
Os dardos da morte surpreendem até os pés voadores,
Também não poupam o cavalheirismo pusilânime,
A dorsal que se esconde, ou lombo que estremece.[2]

Outros usos

O poema de Wilfred Owen descreve um ataque a gás durante a Primeira Guerra Mundial e foi uma de suas muitas obras pacifistas que não foram publicadas antes do fim da conflagração. Nos versos finais do poema, a frase horaciana é descrita como "a velha mentira".[3] Devido à cópia original do poema se acredita que Owen intencionava dedicar o texto ironicamente a Jessie Pope, escritor popular que glorificava a guerra e recrutava laddies (rapazes) que "ansiavam por carregar e atirar" em poemas patrióticos simplistas como The Call ("O Brado").[4]

Em um ensaio escolar de 1915, o dramaturgo alemão Bertolt Brecht se referiu à frase como Zweckpropaganda ("propaganda inferior para uma causa específica") e pontuou que "é mais doce e mais adequado viver para o próprio país", sendo quase expulso por este ato.[5]

Dulce et decorum est pro patria mori é o lema da Academia Militar portuguesa.[6][7]

Ver também

Notas

  1. III.2.13

Referências

  1. «Horace: Odes III». Thelatinlibrary.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2019 
  2. «Q. Horatius Flaccus (Horace), Odes, Book 3, Poem 2». Perseus Project. Consultado em 4 de fevereiro de 2019 
  3. «Dulce et Decorum Est by Wilfred Owen». Poemhunter.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2019 
  4. «Dulce et Decorum Est». Consultado em 4 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 17 de março de 2014 
  5. Hässler, Hans-Jürgen; von Heusinger, Christian (1989). Kultur gegen Krieg, Wissenschaft für den Frieden (em alemão). Wurtzburgo: Königshausen & Neumann. ISBN 978-3884794012 
  6. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 11 de março de 2008 
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 11 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 27 de setembro de 2007 

Ligações externas

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