Fabián Cancelarich
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Fabián Oscar Cancelarich | |
Data de nascimento | 30 de dezembro de 1965 | |
Local de nascimento | Los Nogales, Argentina | |
Data da morte | 14 de maio de 2024 (58 anos) | |
Local da morte | Buenos Aires, Argentina | |
Altura | 1,91 m | |
Apelido | Teresa | |
Informações profissionais | ||
Posição | Goleiro | |
Clubes de juventude | ||
Belgrano de Arequito Ferro Carril Oeste | ||
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1984–1992 1992–1993 1994 1994 1995 1995–1996 1996-1997 1997–1999 1999–2000 2000–2004 | Ferro Carril Oeste Belgrano Newell's Old Boys Belgrano Millonarios Huracán Talleres Platense Ferro Carril Oeste Central Córdoba | 51 (0) 07 (0) 03 (0) 02 (0) 02 (0) 45 (0) 14 (0) |
Seleção nacional | ||
1985 1987 1987–1992 | Argentina Sub-20 Argentina Sub-23 Argentina | 00 (0) |
Fabián Oscar Cancelarich (Los Nogales,[1] 30 de dezembro de 1965 — Buenos Aires, 14 de maio de 2024)[2] foi um futebolista argentino que atuava como goleiro.
Notabilizou-se como contínuo reserva da seleção argentina ao longo de cinco anos, jamais tendo entrado em campo pela Albiceleste, embora fosse convocado a diversos torneios - em especial, à campanha vice-campeã da Copa do Mundo FIFA de 1990, como reserva imediato de Sergio Goycochea.[1]
Carreira
Nascido sob ancestralidade croata no interior da província argentina de Santa Fe, seu primeiro clube foi o Belgrano da cidade de Arequito, também do interior santafesino. Dali, rumou aos juvenis do Ferro Carril Oeste, com o qual venceu o torneio argentino sub-20 de 1983. Ainda nas categorias de base do Ferro, por assemelhar-se a uma frequentadora do clube chamada Teresa, acabou apelidado com o nome dela.[1]
Neste clube, chegou à equipe principal em 1984, inicialmente como terceiro goleiro do elenco campeão do Torneio Nacional, onde o titular Eduardo Basigalup jogou todos os minutos e José Tursi era o goleiro reserva relacionado ao banco.[1] Cancelarich foi relacionado pela primeira vez ao banco já em 18 de agosto de 1984, pela 22ª rodada do Torneio Metropolitano, meses após o título do Nacional.[3] Também figurou no banco ao longo do ano de 1985 e do primeiro semestre de 1986,[4] tardando até 26 de outubro de 1986 para ser utilizado pela primeira vez no campeonato argentino. Apesar da demora para estrear, logo obteve a titularidade.[1]
O clube verdolaga vivia então seu auge institucional, chegando a ser premiado pela Unesco em 1988.[5] Na metade final da década de 1980, a equipe de futebol do Ferro notabilizava-se pela forte defesa, dentre as melhores do campeonato argentino (sendo a líder nesse quesito precisamente na temporada 1989-90), não logrando melhores colocações em função do nível baixo do setor ofensivo. Cancelarich disputaria ao todo nove temporadas em diferentes ciclos pelo FCO e em apenas duas delas teve média de gols sofridos superior a um por partida. Com isso, ao longo de cinco anos o goleiro foi seguidamente chamado pela seleção argentina principal, entre 1987 e 1992.[1] Na temporada que antecedeu a Copa de 1990, seu time também havia sido o único com retrospecto invicto como mandante.[6]
Ele deixou o Ferro pela primeira vez em 1992, ao reforçar o Belgrano de Córdoba.[1] Foi apenas após a saída de Cancelarich que o jovem Germán Burgos, que estreara pelo Ferro ainda em 1989, conseguiria se efetivar como goleiro titular na equipe principal.[6] No Belgrano, Cancelarich coordenou uma das melhores defesas do Clausura 1993 e terminou em 1994 cedido ao Newell's Old Boys para suprir o desfalque de Norberto Scoponi, frequentemente ocupado com a seleção como terceiro goleiro (exatamente o antigo posto habitual de Cancelarich). Com o retorno de Scoponi, Teresa foi devolvido ao Belgrano, mas já sem retomar a titularidade de outrora.[1]
Na sequência da carreira, ele destacou-se com o Millonarios na fase de grupos da Copa Libertadores da América de 1995: o time de Bogotá liderou a chave à frente do vizinho Atlético Nacional, embora acabasse eliminado por ele nas quartas-de-final. Dali, Cancelarich regressou à Argentina para defender o Huracán, mas o goleiro huracanense titular foi Marcos Gutiérrez.[1] Com o passe livre, chegou a voltar a Córdoba para defender o Talleres, mas só realizou duas partidas; embora possuísse boa relação com o treinador Ricardo Gareca, não estava páreo à ascensão de Mario Cuenca.[7]
Veio a reforçar nas temporadas seguintes o Platense, mas sem evitar o rebaixamento ao fim da de 1998-99. Ele ainda defendeu novamente o Ferro, no Apertura 1999, antes de disputar algumas temporadas da segunda divisão com o Central Córdoba de Rosario.[1] Em sua volta ao Ferro, chegou a sofrer três gols de outro goleiro, José Luis Chilavert, em pleno clássico com o Vélez Sarsfield, mas reagia com humor: "sou o goleiro dos Recordes Guinness. Creio que não apareço no livro, mas deveria estar em vários capítulos".[8]
Parou de jogar em 2004, no Central Córdoba,[1] eventualmente regressando ao Ferro para ser treinador de goleiros. Exercia esse cargo quando faleceu, vitimado por um infarto sofrido em um treinamento do clube.[2]
Seleção argentina
Juvenis
Cancelarich defendeu a Argentina inicialmente na seleção sub-20, sendo titular na edição de 1985 do Sul-Americano da categoria. Chegou a defender pênalti contra o Brasil, mas não pôde impedir derrota de virada que acarretou na precoce eliminação argentina na fase inicial,[1] em clássico disputado em 20 de janeiro no estádio Defensores del Chaco.[9]
Em agosto de 1987, integrou a equipe olímpica que disputou o Pan-Americanos de Indianápolis. Embora fosse reserva de Jorge Bartero, dois meses depois recebeu uma primeira convocação à seleção principal.[1]
Adulta
O goleiro foi chamado ao longo dos cinco anos pela seleção principal da Argentina, embora jamais viesse a ser utilizado; a primeira convocação, em outubro de 1987, foi em chamada que incluiu mais de 40 jogadores. No período, Cancelarich integrou as convocações às Olimpíadas de 1988, à Copa do Mundo FIFA de 1990, à Copa América de 1991 e à Copa das Confederações de 1992.[1]
No torneio olímpico de Seul, foi reserva de Luis Islas,[1] ambos beneficiados pelo regulamento de então só permitir profissionais que não houvessem jogado a Copa do Mundo FIFA, o que afastava-lhes da concorrência de Nery Pumpido - embora o próprio Islas houvesse ido à Mundial de 1986, não jogara nenhum minuto daquela Copa.[10] Para a Copa América de 1989, o treinador Carlos Bilardo preferiu Julio César Falcioni para ser reserva do titular Pumpido e do suplente imediato Islas.[1]
Para o Mundial de 1990, esperava-se que a hierarquia de goleiros ficasse em Pumpido, Islas e Sergio Goycochea. Descontente com a reserva, Islas comunicou de antemão sua desistência do Mundial,[10] abrindo vaga em potencial disputada por Falcioni e Cancelarich para ser o terceiro goleiro enquanto Goycochea tornava-se o reserva imediato. Embora Falcioni houvesse jogado pela seleção e Cancelarich nunca, Bilardo preferiu este.[11] Ao longo da Copa, Pumpido fraturou-se na segunda rodada e Goycochea tornou-se o novo titular, com Cancelarich promovido a suplente imediato, deixando o posto de terceiro goleiro à convocação emergencial de Ángel Comizzo, permitida pela FIFA mesmo com torneio já em andamento.[12]
Cancelarich foi um dos pouquíssimos jogadores do ciclo de 1987-1990 a inicialmente remanescerem para a etapa pós-Copa: o novo treinador, Alfio Basile, chamou à Copa América de 1991 somente quatro atletas que haviam ido ao Mundial. Contudo, um destes também foi Goycochea, ausente em apenas um jogo na campanha campeã, para o qual Basile preferiu dar oportunidades a Alejandro Lanari ao invés de Cancelarich.[13]
Por fim, na ocasião da Copa das Confederações de 1992, Islas já havia voltado a ser chamado, embora a titularidade seguisse com Goycochea. Cancelarich integrou nova campanha campeã,[14] mas gradualmente perdeu o posto de terceiro goleiro para Norberto Scoponi, reconhecido pela grande fase atravessada com o Newell's Old Boys.[1] Scoponi acompanharia Goycochea e Islas na Copa América de 1993 e na Copa do Mundo FIFA de 1994.[15]
Cancelarich era bem-humorado sobre a curiosa trajetória de nunca ter jogado pela Argentina apesar dos anos de convocações, que ultrapassaram trinta partidas; dizia-se "grato" por conviver com diversos membros vencedores da Copa do Mundo FIFA de 1986.[8]
Títulos
- Ferro Carril Oeste
- Campeonato Argentino Sub-20: 1983
- Campeonato Argentino: Nacional 1984
- Seleção argentina
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q BRANDÃO, Caio (30 de dezembro de 2020). «Vice da Copa, zero jogos pela seleção: o curioso caso de Fabián Cancelarich». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ a b «DOLOR EN EL FÚTBOL: FALLECIÓ EL EX ARQUERO FABIÁN CANCELARICH». El Gráfico. 14 de maio de 2024. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ COLUSSI, Luis Alberto; GURIS, Carlos Alberto; KURHY, Víctor Hugo (novembro de 2019). «Fútbol Argentino: Crónicas y Estadísticas: Asociación del Fútbol Argentino - 1ª División – 1984» (PDF). Historical Line-ups. Consultado em 14 de maio de 2024 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- ↑ COLUSSI, Luis Alberto; GURIS, Carlos Alberto; KURHY, Víctor Hugo (novembro de 2019). «Asociación del Fútbol Argentino - 1ª División 1985-86» (PDF). Historical Line-ups. Consultado em 14 de maio de 2024 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- ↑ BRANDÃO, Caio (21 de outubro de 2013). «Ferro Carril Oeste, um clube argentino premiado pela UNESCO». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ a b BRANDÃO, Caio (16 de abril de 2019). «Rock & gol(eiro): 50 anos de Germán Burgos». Futebol Portenho. Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ CARETÓ, Agustín (31 de dezembro de 2020). «Qué es de la vida de Fabián Cancelarich, el arquero de los récords bizarros». La Voz del Interior. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ a b «Murió Fabián Cancelarich, símbolo de Ferro y arquero de la Selección argentina en el Mundial de Italia 90». Clarín. 14 de maio de 2024. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ «Brasil 2x1 Argentina». Placar n. 767, p. 75. 1 de fevereiro de 1985. Consultado em 15 de maio de 2024
- ↑ a b BRANDÃO, Caio (22 de dezembro de 2020). «55 anos de Luis Islas, goleiro reserva de 1986 e ícone dos anos 90». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ BRANDÃO, Caio (20 de julho de 2020). «Julio César Falcioni, 65 anos de um superfinalista de Libertadores». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ BRANDÃO, Caio (27 de abril de 2017). «55 anos de Ángel Comizzo, folclórico 3º goleiro da Copa de 1990». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ BRANDÃO, Caio (21 de julho de 2021). «30 anos da Copa América de 1991, quando a Argentina encerrou sua pior seca no torneio». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ BRANDÃO, Caio (20 de outubro de 2022). «30 anos do título argentino na (primeira) Copa das Confederações». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- ↑ BRANDÃO, Caio (13 de janeiro de 2021). «60 anos de Norberto Scoponi, o maior goleiro do Newell's». Futebol Portenho. Consultado em 14 de maio de 2024
- Portal do futebol
- Portal da Argentina