Série 0300 da CP

 Nota: Não confundir com a Série 9300 da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que circulava em via estreita.
Série 0300
Série 0300 da CP
Automotora 0304, preservada no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento.
Descrição
Propulsão Diesel-eléctrica
Fabricante Allan
Locomotivas fabricadas 25
Tipo de serviço Via
Características
Bitola Bitola Ibérica (1668 mm)
Performance
Velocidade máxima 100 km/h
Operação
Ano da entrada em serviço 1954-1955
Ano da saída do serviço 1999-2003
Situação 2 demolidas, 1 preservada no MNF (0304), 1 convertida na Automotora VIP (0301), restantes 21 modernizadas

A Série 0300, mais conhecida por Allan ou Holandesa, é um tipo de automotora diesel-Eléctrica que foi utilizada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e pela sua sucessora, os Caminhos de Ferro Portugueses, nos Ramais da Lousã e da Figueira da Foz, e nas Linhas do Oeste, Beira Baixa e Beira Alta, em Portugal.

História

Reboque de uma automotora da Série 0300, na Estação do Entroncamento, em 2003.

Antecedentes e aquisição

Nos anos após o final da Segunda Guerra Mundial, verificou-se uma grande escassez de carvão, pelo que Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses não conseguia abastecer convenientemente a sua frota, que então era quase totalmente composta por locomotivas a vapor.[1] De forma a minimizar este problema, a operadora iniciou o Plano de Reequipamento, com apoio do governo, que tinha como finalidade utilizar parte dos fundos do Plano Marshall para adquirir material motor que utilizasse combustíveis alternativos ao carvão.[1] No âmbito desta iniciativa, foram encomendadas várias locomotivas e automotoras, incluindo as da futura Série 0300,[1] que foram construídas nos Países Baixos pela empresa Allan & Co´s Koninklijke Nederlandsche Fabrieken van Meubelen en Spoorwegmaterieel N.V..[2]

Entrada ao serviço e modernização

Estes veículos entraram ao serviço em Portugal entre 1954 e 1955.[2][3] Entre 1981 e 1982, os grupos de tracção originais das automotoras, da marca AEC, foram substituídos por novos equipamentos da casa Poyaud, por já se encontravam gastos após várias décadas de serviço intensivo. [4] Nesta operação, não foram substituídos os motores de tracção nem a transmissão.[4]

Das 25 unidades originais, apenas 22 restavam ao serviço em 1992, tendo uma sido transformada na Automotora VIP, um veículo especial para as deslocações do conselho de gerência da companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[2] A automotora 0304 foi preservada no Museu Nacional Ferroviário, enquanto que, entre 1999 e 2003, as restantes unidades foram sendo progressivamente retiradas ao serviço e modernizadas no Grupo Oficinal do Porto, dando origem à Série 0350,[4] que entrou ao serviço em 2000.[5] Entretanto, os reboques foram sendo abatidos ao serviço,[4], tendo pelo menos dois sido convertidos para uso pela composição de socorro.[carece de fontes?]

Descrição

Serviços

Cumpriram serviço principalmente no Ramal da Lousã, onde normalmente circulavam em dupla devido ao elevado movimento de passageiros, e na Linha do Oeste, onde circulavam em composição dupla ou simples, e por vezes rebocavam um ou dois reboques, sendo ocasionalmente o segundo reboque substituído por uma carruagem Schindler.[4] Também passaram pela Linha da Beira Baixa, onde asseguravam os serviços Regionais em composições duplas com um reboque no centro, salvo no troço entre a Covilhã e Guarda, devido à reduzida procura, e rebocavam comboios InterCidades quando estes avariavam. Asseguraram igualmente o serviço Giraldo, que ligava Évora a Campolide, embora não tenham permanecido muito tempo nesta função, devido à sua tendência para sobreaquecer.[4][6]

Descrição técnica

Esta série era composta por 25 automotoras diesel-eléctricas, de bitola ibérica.[7] A transmissão era eléctrica,[4] e a velocidade máxima era de 100 km/h.[7] As composições possíveis eram Motora, Motora+Motora, Motora+Reboque+Motora, e Motora+Reboque+Reboque+Motora.[4] Cada automotora contava com dois motores a gasóleo, do tipo C6150T, e de quatro motores eléctricos, do tipo GT30/27.[4] A potência do grupo gerador era de 440 CV, enquanto que a potência do grupo de tracção era de 341 CV.[4]

A lotação, na primeira classe, era de 24 lugares sentados, enquanto que, na segunda classe, era de 50 lugares sentados.[7] Existiam igualmente 34 lugares em pé por veículo.[2]

Ficha técnica

Dois reboques das automotoras da Série 0300, modificados para fazer parte da composição de socorro.
  • Características de exploração
    • Ano de entrada ao serviço:1954 - 1955[2][3]
    • Ano de saída ao serviço: 1999 - 2003[4]
    • Número de unidades construídas: 25[7]
  • Dados gerais
    • Construtor: NV Allan[2]
    • Bitola: 1668 mm[2]
    • Tipos de composição: M, M+M, M+R+M, M+R+R+M[4]
    • Tipo de tracção: Diesel-eléctrica[7]
    • Comprimento total (motora/reboques): 23,63 metros[4]
  • Transmissão
    • Tipo: Eléctrica[4]
  • Motores de tracção
    • Motor diesel
      • Número: 2[4]
      • Construtor: AEC (originais), Poyaud (novos)[4]
      • Tipo: C6150T[4]
    • Motor eléctrico
      • Número: 4[4]
      • Construtor: Smit[4]
      • Tipo: GT30/27[4]
      • Potência do grupo gerador: 440 cavalos[4]
      • Potência do grupo de tracção: 341 cavalos[4]
  • Características de funcionamento
    • Velocidade máxima: 100 km/h[7]
  • Lotação
    • Primeira classe: 24[7]
    • Segunda classe: 50[7]
    • Em pé: 34[2]

Ver também

Referências

  1. a b c ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Exposición ferroviaria: 50 Años de la Traccion Diesel en Portugal». Maquetren (em espanhol). Ano 6 (71). Madrid: Revistas Profesionales. p. 18-21. ISSN 1132-2063 
  2. a b c d e f g h BRAZÃO, Carlos (1992). «CP Automotor». Maquetren (em espanhol). Ano 2 (8). Madrid: Resistor, S. A. p. 29 
  3. a b AMARO, Jaime (2005). «Automotoras Allan de Via Estreita - meio século de existência». Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 8. ISSN 124550 Verifique |issn= (ajuda) 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v NUNES, Rui (23 de Outubro de 2008). «Automotoras». Transportes XXI. Consultado em 14 de Novembro de 2010 
  5. «Série: 0300 (0351-0371)». Comboios de Portugal. Consultado em 19 de Dezembro de 2014 
  6. «Beira alta, Beira baja y los Ramales de Cáceres y Badajoz (II)». Maquetren (em espanhol). Ano 3 (30). 1994. p. 7 
  7. a b c d e f g h «CP withdrawn classes» (em inglês). Railfaneurope. 8 de Janeiro de 2022. Consultado em 14 de Novembro de 2010 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre as automotoras da Série 0300

Ligações externas

  • «Galeria de fotografias da Série 0300, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 0300, no sítio electrónico Trainlogistic» 


  • v
  • d
  • e
Material motor ferroviário em Portugal
Tipologia ↓ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica:
IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v.
← Tracção
Estado → em serviço fora de serviço (ou uso ocasional) em serviço Bitola
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.)
automotoras 592 remodelados M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 1001 Z1 2000 2050 2080



ABm1-18

remodelados 2300 2400 3400 3500 4000 1668 mm
(ibérica)
VIP
0350
0450
←0300
0400
 2100⎫ 
2150⎬ 
2200⎭ 
⎰*3100
⎱*3200

2240

3150*
3250*
9630 9500
 
9700─╮
9400←╯
ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 (Vale do Lima) (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) 1000 mm
(métrica)
locomotivas 9000 9020 Lydya
E1 E21 E31 E41 E51 E61 E71 E81 E91 E101 E111 E121 E131 E141 E151 E161 E181 E201 1-2
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 1300 1320 1550 1800 1960
D. Luiz S. Inauguração 001 01 1 09 011 17 021 21 031 32 41 041 41 070 71 81 91 101 103 110 141 151 175 181 0151 0181 0201 201 211 221 261 281 291 301 351 401 501 551 601 701 751 801 831 851 951 2068 01002 1008 2000 02012 02049 2133 51 (BA) 11 (CFE)
2500 2550 3300* 2600 2620 4700 5600 1668 mm
(ibérica)
locotratoras 1150 1000 1020 1050 1100 005
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos)
bondes
STCP101 STCP112 STCP115 STCP120 STCP150 STCP249 STCP250 STCP266 STCP300 STCP350 STCP404 STCP500
STCP200 STCP270 STCP280 1435 mm
(padrão)
automotoras ML7 ML79 ML90 ML95 ML97 ML99 ML200
LRVs, articulados MP000 MP100 MP200 C000
CCFL501 CCFL601 900 mm
bondes TUB1
CCFL203 CCFL283 CCFL284 CCFL323 CCFL343 CCFL363 CCFL389 CCFL400 CCFL403 CCFL475 CCFL500 CCFL508 CCFL532 CCFL552 CCFL601 CCFL613 CCFL736 CCFL761 CCFL801 CCFL806 CCFL901 TUB01
CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737
(PdV-VdC) (CCFTNA) (CFPLER) SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 (CSA) 1000 mm
(métrica)
locomotivas CSA 23074 (Pomarão)
(Transpraia) (P.d’El-Rei) (Mira) (CFPL) 600 mm
(JAPH) N0(JAPPD) 2140 mm
Estado → em serviço fora de serviço em serviço Bitola
Tipologia ↑ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica ← Tracção
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes